segunda-feira, 2 de maio de 2011

Artigos Sobre o Shinto Ryu : Organização das Escolas Marciais Antigas do Japão:



Sensei Adriano dando aulas em São Paulo no Fukushima  
a postura é de gyauku te jodan para noto do kata Onin do Shinto Ryu

As escolas  de artes marciais antigas do Japão (Sogo Bujutsu, Bugei) são divididas em duas vertentes principais do ponto de vista de sua criação:
SENRYU - escolas e práticas que nasceram em combate, nas guerras. Neste caso o fundador (KAISHO) geralmente era um guerreiro que após ter sobrevivido a uma série de combates, o mesmo começava e refletir o porque dele ter sobrevivido, porque ele conseguiu vencer seus oponentes, o que lhe deu a devida vantagem, etc.
Após passar longos períodos meditando e ter identificado suas formas e práticas técnicas, este guerreiro, catalogava seus métodos em uma série de pergaminhos (MAKIMONO) e passava então a ensinar a uma série de discípulos (MONJIN). Ele passava a ser considerado e venerado como fundador da escola e seus discípulos diretos formavam o primeiro conselho de mestres (GOKUI), que transmitiria posteriormente, após a morte do mestre, a outros discípulos (JUKUGASHIRA).
Somente os MONJIN tinham acesso aos ensinamentos secretos (HIJUTSU), os novos alunos (NYUMONSHA) passavam anos sendo analisados em vários sentidos até darem provas de total submissão aos preceitos da escola, e desta forma se obter também dos ensinamentos ocultos.
GENRYU - Escolas que nasceram através de uma revelação após seus fundadores passarem um longo período de treinamento austero buscando a iluminação. Neste caso o futuro KAISHO, procurava se isolar, geralmente em uma floresta ou em regiões montanhosas, e passava por um treinamento austero (SHUGYO NO GUEIKO), passando todos os tipos de privações e mortificações (fome, sede, dor, solidão, frio, febre, cansaço, etc), até conseguir obter uma revelação divina (TEN SHIN SHO) geralmente enviada por TENGUS, ou aparições de outras divindades.

Sojobo e Yoshitsune, os Tengus aparecem para lecionar os ensinamentos aos eleitos, espíritos das florestas, elementais, assim é o caminho magista divino da verdade mais profunda e Alquimica do Budo.Nosso Kaisho consagrou Adriano sensei a Sojobo sendo ele seu protetor e mentor espiritual. 


Feito isto tal guerreiro buscava agora testar a eficácia de seus métodos, geralmente em combate através de duelos ou lutas em guerras.
Se ele sobrevivesse, seria um sinal dos deuses de que tais técnicas realmente eram reais, e não simplesmente devaneios de quando ele estava com sua mente debilitada devido as fortes privações pelas quais havia passado em seu treinamento.
Após retornar de sua peregrinação para autenticação de seu método, o mestre então reunia seus ensinamentos em um pergaminho (DENSHO) e aceitava seus primeiros discípulos (MONJIN UCHI DECHI) que então, o denominavam SOKE (verdadeiro tesouro, pérola do conhecimento) ou SHOSEI (aquele que descobriu o caminho). Geralmente o SOKE está vinculado ao sistema de transmissão conhecido como YEMON (de pai para filho). Tal sistema é adotado exclusivamente em algumas escolas, outras optavam pelo sistema GOKUI (uma junta de mestres é eleita para escolher o MONJIN, quem melhor conseguir reunir em sua pessoa todos os preceitos e objetivos da escola entre eles, mesmo que não seja descendente ou parente do fundador).
O sistema GOKUI é o que reúne as melhores condições de sobrevivência de um RYU, para isso basta observarmos as escolas que ainda estão na ativa nos dias de hoje. A maioria delas, optaram por este sistema.
Além de ser mais justo, mais democrático, o sistema GOKUI permite uma analise mais imparcial dos praticantes, deixando que floresçam os melhores talentos para dirigir o RYU.
Já o sistema YEMON só funciona quando com muita sorte o filho ou parente direto do fundador resolve ser o melhor de todos e se dedica com afinco em busca da sabedoria. Uma adaptação do sistema Yemon é a adoção do mestre pelo praticante, é comum uma pessoa receber o sobrenome do mestre formalizando-o como filho do Caminho.
Cada Mestre sabe o que é melhor para sua escola, e será a sua decisão a palavra final. Cabe a nós fazermos cumprir suas determinações.
Para se entrar no JI TORI (portal simbólico, nível de aprendizado), os pretendentes, após estarem aprendendo os OMOTE WAZA (as técnicas básicas) passam por um juramento geralmente de sangue ou com a sua espada e passam a ser chamados de KEPPAN (comprometidos de forma sagrada com a escola).
Aos KEPPAN é dado o direito de penetrar nos ensinamentos ocultos e esotéricos (OKUSHI, HIDEN e KUDEN).
Seu treinamento é feito em segredo, pois eles recebem os princípios URA WAZA, OYA WAZA, OSHIKI WAZA, GUIYAKU WAZA, etc.

Adriano sensei, Anselmo Carlos sensei, Keppan  2º dan 
(recebeu a graduação de sensei Akira e sensei Adriano) Nelson Wagner sensei  e Wagner Bull sensei
Cesar Bassi, Nelson Tahuze, amigos do Takemussu 


O SISTEMA DE GRADUAÇÃO ANTIGO:
KIRI KAMI SHODEN – CORTAR O ESPÍRITO, equivale nos dias de hoje ao SAN DAN.
MOKU ROKU CHUDEN - AQUELE QUE TRILHOU OS SEIS CAMINHOS DO CÉU E DA BESTA FERA. Equivale nos dias de hoje ao grau de ROKU DAN.
JUMON JI OKUDEN - RENASCEU APÓS A CRUCIFICAÇÃO, MORTIFICAÇÃO, E SALTOU MUITO A FRENTE. Equivale ao grau HACHI DAN.
MENKYO KAIDEN - NADA MAIS TEM O PRATICANTE A APRENDER, ESPELHO QUE REFLETE A SABEDORIA, O PRÓPRIO CAMINHO. Equivale ao HANSHI ou JU DAN.
Este sistema ainda é adotado nos dias de hoje em todos os KORYU.

Sensei Adriano sojobo cantando Shigin 
(Uta no michi, o Caminho da Poesia) 

Em nossa Escola nosso Kaicho, nosso mestre sempre manteve estes princípios, seu enfoque sempre foi em nos dar um ensinamento eficaz (a espada funciona do ponto de vista marcial), cultural (bun é a letra para o cultivo da educação, preparo, erudição), a cultura é o objetivo de um povo, sua memória do passado, presente e futuro, para nós no Shinto Ryu Shinken Bujutsu Tsukimoto Ha, isso nos da muita alegria, participarmos de uma cultura tão irmã quanto a japonesa, sem no entanto perdermos nossas raízes Brasileiras e com isso nos elevarmos como cidadãos do Mundo. Filosofia, isso nos proporcionou uma alta espiritualidade, a ligação com o Kami, o estado de estarmos plenos na presença de Deus em nossa existência.

Nosso Kaisho nos ensinou a respeitarmos os Keppans, a protege-los acima de todo custo, é a mais nobre instituição de uma escola, eu fiz meu juramento de Keppan a muitos anos, estavam presentes Ernani sensei e Marcelo sensei (que também juraram ao sensei neste dia) junto com outros alunos da época, foi na Vila Mariana, no Osaka Naniwakai, na presença de vários mestres amigos de meu mestre. 
Ele nos legou um Caminho, uma estrada até o reencontro com a iluminação e reencontro com nossa alma divina (shin tamasu).

Eu particularmente agradeço a Deus  os Keppans que formei, eles são o futuro da Arte, tanto os que estão presentes, como os que estão impossibilitados de estarem no Dojo fisicamente. 
Fui agraciado com nuvens e chuva em minha plantação, sol e vento em minha colheita. 
Problemas, erros de percalço, pedras no Caminho, , brigas, divergências, ações impensadas, tudo isso acontece
Mas no fim,  o amor e a amizade verdadeira podem vencer quaisquer obstáculos, todos nós, o que vamos levar no final é isso, não a posição, a pompa ou a Luta, mas sim nossos sentimentos, o que vivemos e o que ainda podemos partilhar
Esse é o verdadeiro tesouro, a Sabedoria do Espelho Refletindo a Luz!


Gasho Sensei, Gasho a todos nossos Amigos e Alunos.

Adriano Sojobo


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